13 de setembro de 2015


Deixa eu te contar uma história boba que aconteceu comigo antes de você chegar e me dominar a vida? Deixa eu te fazer sorrir como uma boba quando afirmar que as suas linhas do rosto me parecem labirintos do amor? Deixa eu chegar na tua casa e dizer pro porteiro que eu vim aqui ver a mulher mais bonita desse condomínio? Deixa que tudo que eu sinto seja dito? Deixa que as minhas mãos se encaixem na tua cintura? Deixa eu gostar do teu beijo? Deixa eu te dizer, mais uma vez, que você é linda e que tudo aquilo que sente em relação ao seu corpo é uma bobagem? Deixa que, calado, te diga com os olhos o tanto que eu te quero bem? Deixa eu me apaixonar por você todos os dias novamente? Deixa eu ser teu pra sempre?

Não, você não deixa. 

11 de setembro de 2015


Eu gosto de fazer escalas aleatórias sobre coisas mais aleatórias ainda. Recentemente estive pensando sobre ser ou não uma opção de relacionamento para alguém. Acredito que ser uma opção, mesmo que em algum momento descartada, é melhor do que não ser.

Parece uma coisa idiota e vindo de mim provavelmente é mesmo, mas dói muito mais lidar com o fato de que você jamais foi uma opção para alguém que tanto te desperta sentimentos. Não que ser descartado seja melhor, estamos falando de coisas igualmente ruins. Entretanto, até mesmo o descarte é significativo. Há uma reflexão. Não haver possibilidade alguma é pior.

Certa vez conheci uma garota muito linda. Sua aparência, um pouco infantil, escondia uma personalidade de gente grande. Sabe, eu admiro essa garota. Ela, mesmo que difícil de se conquistar, entregou aos interessados sempre uma chance de se fazer opção. Mesmo assim, ainda não a vi com ninguém, e isso não quer dizer nada. Continuo a enxergando com ternura pelo simples fato de ela não descartar pessoas como se fossem meros perfis do Tinder.

9 de setembro de 2015



Eu nunca carreguei comigo grandes arrependimentos. Sempre lutei da forma que pude por aquilo que pensei ser a melhor coisa pra mim. Eu já abri mão de batalhas, o que é diferente. Lutar e perder faz parte da vida, assim como escolher não entrar no ringue. São opções, estratégias, tudo parece sempre com um jogo, até mesmo a vida.

Sabe, eu tomei algumas atitudes dias atrás que me fizeram pensar que fiz bobagem, simplesmente por terem mudado um status que entendia, naquele momento, como confortável. Eu passei muitos anos da minha vida na zona de conforto que criei, acredito que já tenha até escrito sobre isso por aqui. Eu realmente entendo de zona de conforto. Se existe algo que eu entendo nessa vida, essa coisa é zona de conforto.

Enquanto estive nela, eu vivi anos tranquilos, desimportantes e sem grandes preocupações. Anos ótimos pro meu coração, pra minha formação enquanto ser humano e pro meu intelecto, todavia, foram longos anos de tristeza. Por maiores que tenham sido as minhas conquistas, eu nunca realmente estive feliz. Não consigo, por exemplo, relembrar agora dois, três, quatro momentos onde eu realmente tenha estado completo, preenchido. 

A zona de conforto é uma charmosa ilusão. Confesso ter sido atraído por ela, confesso estar agora tentado a novamente tê-la no meu acordar e dormir todos os dias. Mas, quando paro pra pensar em tudo que deixarei de viver para conseguir seguir em paz, chego a conclusão de que nem mesmo a segurança de uma volta pra casa tranquila é capaz de me fazer mudar de ideia sobre felicidade, sobre amor.

Preciso continuar. Acho que estou sendo testado e não faz parte das minhas concepções de vida desistir fácil. Eu preciso lutar contra você, querida. Eu realmente amei tê-la comigo por um bom tempo, só que ainda não é hora de reatarmos. Zona de conforto, me perdoe, mas eu preciso ser feliz agora, mesmo que as coisas são sejam tão vermelhas quanto pareciam.

8 de setembro de 2015


Quando a minha mente não se aquieta, imediatamente sinto a necessidade de caminhar. Isso me acalma, consigo respirar melhor e pouco a pouco o ritmo do meu corpo volta ao normal, assim, como um relógio enferrujado. Geralmente faço isso sozinho, mas não por querer, estar sozinho é somente uma consequência do tempo. Dia desses, subitamente me senti mal. Um sinal estranho do meu coração. Como se quisesse passar um recado, ele acelerou. Eu tomei um susto, confesso, não estou acostumado com isso, acabo me sentindo muito vulnerável e tudo que eu não posso ser nessa vida é vulnerável.

Precisava caminhar, sentir um pouco do vento de cheiro forte que me cercava no momento. Sem rumo, parti. Cabeça baixa, sapatos sujos, camisa desabotoada e coração em pane. Não parece um cenário favorável, né? Eu sei. Não era. Eu andei, andei, chutei pedrinhas que me passavam na vista que nessa altura já estava turva, apanhei uma folha de papel com dizeres que não faziam sentido algum e esbarrei em algo. O que era? Um lago artificial. Era tudo que precisava.

Sentei-me a beira da ponte que passava sobre o lago e tirei meus sapatos encardidos. Com os pés na água e a mente longe, meu coração desacelerou. Acho que naquele momento tudo que eu precisava era de paz. Senti paz naquele lugar. Alguns minutos depois, meu celular toca. Não era nada de importante. Porém, quando coloquei minhas mãos dentro do bolso da calça lembrei-me das moedas que carregava. Surgiu, então, uma ideia.

Aquele lago não lembrava em nada uma fonte. Eu, muito menos, acredito em desejos e pedidos. Mesmo assim, resolvi me desfazer daquelas moedas e jogá-las na fonte, digo, no lago. Antes de atirar a primeira, pensei em tudo que considero relevante. Não me veio nada. Loucura, pensei. Como assim não tenho nada de relevante pra pensar aqui e agora? Eu realmente não estava bem. 

Joguei. A moeda, dourada, saiu de minha mão de forma tão abrupta que a senti tocar o chão do lago. Eu não havia pedido nada. Lá se foi uma moeda, ainda restavam quatro. Vou atirar mais uma, pensei comigo mesmo, só que desta vez ela precisa ter significado, mesmo que eu não acredite que esteja fazendo algo além de depositar moedas em um recipiente gigante de água. Joguei. Pensei, ali, na mulher por quem estou apaixonado.

O lógico seria eu ter pedido por ela ou por uma reaproximação, mas eu não fiz isso. Aquele momento me parecia tão surreal e impensável que decidi utilizá-lo para coisas mais importantes. Atirei a moeda e pedi para que a mulher que eu amo encontre alguém que a faça feliz de uma forma tão grande que ela nunca mais precise sentir medo. 

Eu parei por um momento. Fechei os olhos, senti o aroma da água e decidi continuar. Saquei outra moeda e atirei sem pensar muito, dessa vez eu pedi que ela se sinta especial e amada todos as vezes em que olhar-se no espelho. Depois disso comecei a achar que estava pedindo coisas demais, só que ainda me sobravam duas moedas. Elas também se foram de encontro a água. Pedi, então, na penúltima, que a mulher que eu amo não tenha de carregar mais consigo tanta insegurança, tanta ansiedade. Isso a faz mal. 

Me vi com uma última moeda em mãos. Aquele era o momento do grande pedido. O mais importante. Olhei no relógio e percebi que eu já havia passado tempo demais ali, precisava voltar ao meu lugar de origem, pois a minha aula já estava para começar. Calçando os meus sapatos, meio desajeitado, arremessei a última moeda no centro do lago e sussurrei: espero que a minha vermelha encontre alguém que a olhe da mesma forma como eu a olhei um dia.

4 de setembro de 2015


O relógio marca 4h31, meu coração marca um fim. Queria ter a precisão de um relógio no peito, só assim para saber quando, onde e por quem ele deveria acelerar. Não tenho. 

Aqui, comigo, só tenho desastrosas atitudes, péssimos comportamentos.

Vermelha, hoje eu preciso contar algo. Não, hoje não é para você.

Para a garota que me levou a escrever, acredito que já disse tudo que poderia dizer. Não disse metade do que gostaria. Por motivos que só ela sabe e eu os respeito, escolheu por não ouvir. Tudo bem.

Li esses dias que o amor é liberdade, e tenho me convencido disso. 

Da mesma forma gratuita que me apaixonei, irei deixá-la livre. Não que isso passe por minha decisão, até mesmo porque não tenho relevância alguma.

Sabe, você que me lê não deve perceber, mas eu sou um cara difícil de se lidar. Por mais clareza que tenho sobre isso, não consigo mudar tanto. Eu meio que afasto todos involuntariamente.

As pessoas em geral não costumam dar chances a gente como eu. Quem deu, fiz questão de segurar comigo, por mais difícil que isso tenha sido. 

Este blog é testemunha das vezes em que sangrei, não foram poucas. Sangrando seguirei, até o dia em que alguém chegue. Aliás, que alguém me enxergue. Não é fácil observar os invisíveis.

Eu te amo, vermelha. Não posso esconder isso de mim. Não será fácil te observar de longe, mas estarei feliz por te ter pelo menos por mais alguns anos perto de mim. Distante, mas perto.

Algumas pessoas nascem para amar, outras nascem para serem amados. Uma minoria vive para contar histórias, e essa minoria sou eu.