Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones. Girava o mundo sempre a cantar as coisas lindas da América. Não era belo, mas mesmo assim, havia mil garotas à fim. Cantava viva à liberdade, mas uma carta sem esperar, da sua guitarra o separou, fora chamado na América. Mandado foi ao Vietnã, lutar com vietcongs. Girava o mundo, mas acabou fazendo a guerra no Vietnã. Cabelos longos não usa mais, nem toca a sua guitarra, e sim um instrumento que sempre dá a mesma nota: Ra-tá-tá-tá... Não tem amigos, nem vê garotas, só gente morta caindo ao chão. Ao seu país não voltará, pois está morto no Vietnã. No peito um coração não há, mas duas medalhas sim.
Eu não sou nenhum pouco convencional, não agrado as pessoas, não finjo, não elogio o que é feio ou acho legal o que é sem graça. Não gosto desse circo de falsidade que se tornou a vida. A autenticidade é rara. Hoje, ninguém quebra o sistema. É todo mundo bonzinho, porque os bonzinhos são aceitos. É todo mundo de máscara. Não gosto de máscaras. Não gosto do sistema. E se você não gosta, você é o ruim, é o chato. E assim caminha a humanidade. Ser politicamente correto é o desejo da maioria que vive na sociedade atual. Eu quero é que se foda o politicamente correto e junto com ele a sociedade.
Se você se comporta como um homem, um homem será. Será que você mantém a conduta? Será que segue firme e forte na luta? Onde os caminhos da vida vão te levar, se você aguenta ou não, o que será, será. Mas sem esse caô de que tá ruim, não dá. Isso eu já vi, vivi, venci. Tá ruim pra você, também tá ruim pra mim. Tá ruim pra todo mundo, o jogo é assim. Sem sorte no jogo, feliz no amor. Quem nasceu pra malandragem não quer ser doutor. E o que você precisa para evoluir? Me diz o que você precisa pra sair daí? Quantas vezes já cheguei no fim da festa? Quantas vezes o bagaço da laranja é o que resta? Não me dou por vencido, vejo a luz no fim do túnel. A corrente tá cerrado como os meus punhos. Vai dizer que você é um perdedor? Vai dizer que você prefere ódio ao amor? Qual é?
Se a vida gasta em você, te faz de pano de chão, fica tranquilo porque nada é em vão. E o que se tem a fazer, é relaxar e beber, trocar uma idéia com os amigos.. Gastar a onda no céu e o dinheiro em motel... Tudo vai virar passado no futuro, e dessa vida não se leva nada. Felicidade é um fim de tarde olhando o mar, e a gravidade não te impede de voar. Longe de toda negatividade a onda boa se propaga no ar. A boa é se divertir, lançar mais uma tattoo, mandar os problemas e geral tomar no cu. Vou me largar no sofá, tomar uma de limão, reflito um pouco e chego a uma conclusão: nada brilha mais que a vibe da tua alma. O bem e o amor superam tudo. E quando o sol invade os olhos é só pra te lembrar que o bom da vida não tem preço, é hora de acordar.
Hoje me sinto mais forte. Mais feliz? Quem sabe. Eu só levo a certeza de que muito pouco sei, ou nada sei. Sinto que seguir a vida seja simplesmente conhecer a marcha e ir tocando em frente. Como um velho boiadeiro tocando a boiada. Todo mundo ama um dia, todo mundo chora. Um dia a gente chega e no outro vai embora. Cada um de nós compõe a sua história. Cada ser, em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz. Ando devagar porque já tive pressa e levo este sorriso porque já chorei demais.
Buscamos sempre algo que nos completa, que nos faz feliz. Pra falar a verdade, buscamos sempre por alguém. Digo em termos gerais, não só no amor. Buscamos amigos que nos façam rir, que nos ajudem, que sempre estejam ali para quando precisarmos. Nunca encontramos isso em um só alguém. Buscamos o amor, ou um amor. Amor físico, mental, amor que não se explica, amor que não se mede. Buscamos objetivos, e buscamos cumprir tais objetivos. Busca, busca, busca. Essa busca constante nos faz sempre caçadores. Caçadores de ideais, pessoas, objetivos, amor, sonhos... Será mesmo que caçadores são legais?
É hora de rever os planos. O mundo não é plano, não para de girar. Agora que o tempo é relativo, não há tempo perdido, não há tempo a perder. Num piscar de olhos, tudo se transforma. Tá vendo? Já passou! Mas ao mesmo tempo, fica o sentimento de um mundo sempre igual. Igual ao que já era. De onde menos se espera dali mesmo é que não vem. Agora que tudo está exposto, a máscara e o rosto trocam de lugar. Tô fora, sigo o meu caminho. Às vezes tô sozinho, quase sempre tô em paz. O x dessa questão é ver além da máscara. Além do que é sabido, além do que é sentido. Ver além da máscara.
