12 de outubro de 2014


Cá estou, sozinho, em um quarto que conheço como cada passo que dei em um passado não muito distante. Precisava disso. Precisa voltar a ter, em mente, que posso desejar viver além da minha zona de conforto. Bela zona de conforto, aliás, estou mergulhado nela há anos, e confesso ter temido, um dia, jamais sentir vontade de deixá-la. Abri mão de alguns anos pela segurança que este quarto, ora, que irônico, logo este quarto me dá, dava, dará, não sei. Não creio que perdi anos, apenas fiz escolhas. E logo elas me trazem ao status quo. Estou crendo, pela primeira vez, que após quatro anos do furacão, estou cicatrizado. Estou permitindo-me encantar pelos enormes e brilhantes caminhos que essa coisa abstrata, que as pessoas chamam de paixão, oferece-nos.

É difícil, mesmo com a bagagem que arrasto pelo tempo, escolher certo. Provavelmente essa história que iniciou-se não terminará bem, como tantas outras que iniciam-se e terminam dia após dia. Mesmo sabedor disso pelo próprio testemunho, não quero ter medo, não quero negar-me novamente. Quero sentir, imaginar, crer, descrer, alegrar-me pelos atos mais absurdamente pequenos. Isso me faz falta. É bom, digo, não é ruim ter em mim um sentimento diferente de todos os outros que construí durante meu período de amadurecimento. É tudo novo de novo. Não creio, não mais, que dependa apenas de mim ter um final diferente. Depende de tudo, principalmente das escolhas. Percebo que a paixão talvez seja como um cachorro burro que late por causa de uma gata em cima do muro. Tão inútil quando inevitável. Talvez eu seja um cachorro assustador demais e torne-se arriscado descer do muro justamente no lado onde estou.

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